NO ANIVERSÁRIO DE MANAUS, UM BOM PRESENTE SERIA A REABERTURA DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO AMAZONAS


Há poucos dias, o Professor Dr. José Aldemir de Oliveira, indagou no Facebook, o quê gostaríamos de dar para Manaus em comemoração ao seu aniversário de 343 anos. 

Várias pessoas se posicionaram destacando presentes que poderiam fazer nossa cidade mais harmoniosa, justa e humana e eu, não poderia deixar de apontar o que lhe ofertaria:
Acesso a informação, várias bibliotecas atuantes em diferentes áreas da cidade. A nossa Biblioteca Pública do Amazonas, reaberta e uma grande quantidade de serviços que possibilitasse aos manauaras expansão de conhecimento e melhoria em tomada de decisões.

Contudo, estamos totalmente desprovidos de bibliotecas públicas na cidade de Manaus, tendo em vista que tanto a estadual, quanto a municipal estão fechadas para reformas.


Prestes a completar o prazo dado pela Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), para a reabertura da Biblioteca Pública do Amazonas, marcado para o dia 30 de outubro de 2012, não há previsão de que o prazo seja cumprido, por isso fica difícil termos motivos para comemorar. 

Para ilustrar esse desabafo, reproduzo abaixo, a matéria da Revista da História da Biblioteca Nacional que aponta a situação de abandono do patrimônio histórico da cidade de Manaus e destaca as ações do Movimento ABRE BIBLIOTECA que luta pelo retorno desse espaço para a cultura da cidade.


A reportagem é muito oportuna, tendo em vista que nem mesmo uma nota de esclarecimento sobre assunto foi lançada pela Secretária de Cultura do Estado (SEC) ou a SEINFRA até o momento. 

Quanto a nós, continuaremos pedido ABRE BIBLIOTECA!!!



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 Abre, biblioteca!

Enquanto Manaus convive com situação de abandono do patrimônio histórico, um movimento pacífico surge para cobrar as autoridades, que seguem descumprindo seus próprios prazos

Gabriela Nogueira Cunha
23/10/2012
  • Quanto reboliço um abraço é capaz de provocar?  Em Manaus, o gesto causou um bocado, quando um grupo de pessoas realizou um ato de protesto (e saudade) em pleno centro histórico da capital amazonense. Em meados de julho passado, organizadores e simpatizantes de um movimento que ficou conhecido como “Abre Biblioteca” – pela devolução da Biblioteca Pública do Estado à sociedade – resolveram abraçar o monumento e, assim, questionar o descumprimento de prazos, bem como o descaso e a irresponsabilidade dos governantes para com o patrimônio histórico.
    Procurada pela Revista de História em agosto, a Secretaria Estadual de Infraestrutura – responsável pelas obras na biblioteca fechada há mais de cinco anos – justificou o atraso e estabeleceu novos prazos. Segundo a assessoria de imprensa, o problema estava no telhado, que não ficou pronto a tempo: “As telhas originais da biblioteca não são mais fabricadas. Foi preciso providenciar um novo molde para a fabricação de 15.000 novas telhas, fiéis ao modelo do século passado”. Passados alguns meses, o panorama continua o mesmo: portas fechadas. Mas os manifestantes não mostram sinais de cansaço.
    A data prevista para devolução do prédio é, ou pelo menos era, dia 30 de outubro. No entanto, a bibliotecária Soraia Magalhães, líder do movimento que promoveu o abraço coletivo meses atrás, teme que o prazo seja descumprido novamente e já planeja novas ações para a data. “Desde que começamos a mobilização e abraçamos a Biblioteca Pública, outros grupos começaram a se mobilizar, um grupo abraçou o Mercado Municipal, entre outros locais. Dia 15, deste mês, fizemos uma arte nos tapumes [da biblioteca], visando lembrar o poder público de que a data se aproxima. Agora a ideia é gerar mais visibilidade”.

    Gerando visibilidade
    O movimento “Abre Biblioteca” deu o ar de sua graça pela primeira vez durante uma bienal do livro, com uma coleta de assinaturas, em abril. Nada mais propício. A doutoranda em artes Evany Nascimento – que se sente particularmente prejudicada pela situação, já que sua pesquisa depende de periódicos que pertencem ao acervo da biblioteca – conta que foi por volta desta data que se juntou ao grupo de manifestantes, quando foram criadas petição online e páginas no Facebook e a coisa começou a ganhar forma. Hoje, mais de 2 mil pessoas já aderiram ao movimento e pelo menos 4 mil o acompanham nas redes sociais. “Aqui em Manaus a adesão tem sido boa nas internet, o abraço teve o maior público. As pessoas estão vendo vários prédios fechados e ninguém faz nada, ninguém cobra nada, ninguém dá uma posição. Então eles veem no ‘Abre Biblioteca’ uma chance”.
    Outro manifestante que não vê a hora de voltar para a Biblioteca Pública do Estado é Thiago Siqueira, estudante de Biblioteconomia da Universidade Federal do Amazonas e um dos fundadores do movimento pela reabertura do prédio histórico. Suas inquietações a respeito da pouca atenção que é dada à leitura o levaram a entrar em contato com Soraia, sua antiga professora da faculdade, e juntos eles criaram o então desconhecido movimento. É claro que a beleza abandonada do prédio entristece, mas as preocupações vão além disso: “O que mais me afetou com o fechamento da biblioteca é o fato de saber que os alunos das escolas públicas próximas ficaram órfãos de um ambiente de estudo adequado e de material para consulta; das poucas escolas que possuem bibliotecas, raramente elas conseguem suprir a necessidade desses usuários”.
    Para marcar a possível data em que o prédio finalmente será entregue, de volta, à população amazonense, a quem ele pertence de fato, uma comemoração daquelas foi planejada. A expectativa é grande, pois a hipótese de mais um prazo queimado paira sobre as cabeças dos responsáveis pelas manifestações, mas eles ainda preferem o otimismo.  “Sempre que possível fazemos alguma mobilização para que a Biblioteca não caia no esquecimento do povo. Mas se não for reaberta, vamos intensificar as atividades, sempre de cunho cultural. Como foram o “Biblioteca Vai à Rua” e o “Mural Abre Biblioteca”, onde fizemos colagens e arte de grafite com a temática para incentivo a leitura nos tapumes. A sociedade amazonense merece ter acesso à informação e cultura, já!”, conclui o estudante Thiago Siqueira.
    Se não forem cumpridos os prazos, a festa se transforma em mais um ato de protesto e eles prometem fazer barulho.
    Outros patrimônios em perigo
    Por muito tempo o Amazonas sofreu com a falta de um porto amplo na capital, que só veio a ser construído entre 1869 e 1910, para dar suporte à crescente exportação de borracha. O prédio onde hoje funciona o Museu do Porto data de 1905 e é tombado pelo Iphan, como todo o conjunto arquitetônico portuário. Mas “funciona” não é bem o termo. O museu está fechado há seis anos, com parte do acervo trancado lá dentro. São cerca de 300 peças ligadas à história do comércio e das atividades portuárias desde o início do século XX.
    O porto encontra-se atualmente sob a tutela da União, que reassumiu a condição de Autoridade Portuária, após um período nas mãos da Administração do Porto Privatizado de Manaus. Segundo Luciano Moreira, especialista em infraestrutura do Ministério dos Transportes, que trabalha no agora Porto Público de Manaus, o acervo não corre riscos, mas ainda não há solução para o problema do prédio “abandonado”: “Estamos numa fase de transição. Estamos tratando de alguns assuntos para os quais não temos solução definida. O museu é um desses assuntos”.
    Construído no século XIX, período áureo da borracha, o Mercado Municipal Adolpho Lisboa não fica atrás em matéria de prazos vencidos: fechado há mais de seis anos, tem as obras repetidamente paralisadas pelo Iphan. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério Público do Amazonas, desde 2008 tramita um inquérito para apurar as condições de funcionamento da feira ao lado do Mercado. A situação é intrigante, já que os comerciantes tiveram que sair justamente por causa das obras. Uma inspeção realizada em maio deste ano ainda encontrou irregularidades na execução da reforma.
    A Secretaria Municipal de Infraestrutura, por meio de sua assessoria, disse não ter conhecimento do processo envolvendo os feirantes, mas afirmou que as obras devem ser concluídas ainda este ano e explica a lentidão: “Trata-se de espaço do século passado, que precisa de mais cuidado”.

    VEJA O TEXTO ORIGINAL NO SITE DA REVISTA DA HISTÓRIA 

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