MUSEU DE HISTÓRIA DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA NO ISLÃ - ISTAMBUL


Em uma cidade com tantas atrações históricas e culturais, o Museu de História da Ciência e Tecnologia no Islã pode passar desapercebido nos roteiros turísticos, mas é imperdível para quem gosta do assunto e para os curiosos. 

Na verdade ele nem estava em nossos planos… Estávamos em Istambul com a sobrinha e ela se interessou, e como tínhamos o Museum Pass - Istambul a visita estava incluída. Então lá fomos nós…

O museu funciona no local dos antigos estábulos do Palácio de Topkápi (morada dos sultões), em frente ao Parque Gülhane, antigo jardim do palácio.

Durante a Idade Média, o conhecimento científico do período Clássico foi preservado e desenvolvido no mundo muçulmano, até ser “redescoberto” durante o Renascimento, a partir de traduções do árabe e outras línguas do mediterrâneo oriental.

O Museu apresenta uma síntese de inventos criados por cientistas muçulmanos entre os séculos VIII e XVI.

O início da visita apresenta alguns pensadores ocidentais (como Goethe) reconhecendo a importância desse período de ouro na preservação do conhecimento científico da humanidade.
Aquele que conhece a si mesmo e aos outros
Reconhecerá também isto:
O Oriente e o Ocidente
Não podem mais ficar separados

A partir daí, sucedem-se salas temáticas e tudo fica mais interessante. Tem física, matemática, astronomia, medicina, mineralogia, engenharia, cartografia, ciências náuticas, ou seja, assuntos para quase todos os gostos de quem é interessado em ciência e tecnologia. 

O andar térreo do Museu é dedicado à contribuição dos cientistas muçulmanos à Física, Matemática, Química e Arquitetura e o primeiro andar à Astronomia, Medicina e Navegação.

Grande parte das peças do Museu são reconstruções de instrumentos, com destaque para uma coleção de relógios, sextantes, globos celestes, astrolábios e instrumentos de navegação em geral, armas, instrumentos de medicina etc.
Modelo do observatório de Raiy
Globo terrestre, de acordo com o mapa múndi do califa al-Ma'mun
Mapa múndi do califa al-Ma'mun
Astrolábio esférico de origem árabe-islâmico, construído em 1480 (o original é mantido no Museu da História da Ciência, em Oxford)
Astrolábio de Nastülus, construído em 927 (o original está no Museu de Arqueologia Islâmica, no Kuwait)
Astrolábio construído a partir de um original fabricado em 1299
Modelo de meteoroscópio, imitação do quadrante duplo árabe-islâmico
Globo celeste de 'Abdarrahmãn b. 'Umar b. Muhammad as Süfï, construído de acordo sua obra sobre a astronomia das estrelas fixas
Modelo da esfera armilar do observatório de Istambul (1576), construído a partir de descrições e ilustrações no livro do observatório e utilizado para determinar as coordenadas das estrelas
Modelo de relógio de al-Gazari (cerca de 1200) , no qual um sofisticado mecanismo a água está localizado no interior do instrumento
Modelo de relógio
Modelo do relógio de água de Fez
Torre de fortificação reconstruída a partir de uma ilustração do livro de az-Zardkas
Catapulta de balanço, que parece ter sido inventada no mundo islâmico durante o século 12, na época das cruzadas
Instrumento usado para medir a quantidade de sangue durante a sangria, como descrito e ilustrado por al-Gazari (cerca de 1200)
Arquitetura - mesquita

Dois mapas são destaques no Museu:
O Mapa Piri Reis, fragmento de um mapa elaborado pelo almirante, geógrafo e cartógrafo otomano Piri Reis, em 1513. Foi confeccionado com base em mapas portugueses e árabes e redescoberto em 1929. É o primeiro mapa que mostra a costa ocidental da Europa e norte da África com razoável precisão, mostrando também, com detalhes, a costa do Brasil e parte da América do Sul e do Norte.
Mapa Piri Reis e desenho das Américas, completando a parte que falta

O Mapa Javanês, que apresenta a costa do Brasil. O original foi perdido e o que existe é a sua cópia portuguesa, descoberta em 1884.
Mapa de parte da costa brasileira, feito pelos muçulmanos no século 15, e preservado na tradução portuguesa do Atlas Javanês
A costa do Brasil do Atlas Javanês sobreposto no mapa moderno

Depoimento da sobrinha, Milena Estorniolo, antropóloga:
O museu é muito legal! Geralmente museu de ciência é tudo a mesma coisa, mas esse realmente me surpreendeu porque é uma outra versão da história da ciência a que nós estamos acostumados. Os caras batem o pé dizendo que foram eles que inventaram tudo antes dos Ocidentais. Aquela parte dos mapas, em que eles mostram que chegaram à América antes dos europeus é ótima. Até comprei o livro sobre isso.




Fotos: José Estorniolo Filho e Marina Macambyra


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