REGINA FAZIOLI: PROFISSÃO BIBLIOTECÁRIA
Para comemorar o Dia do Trabalhador, posto na seção Bibliotecárias Fora de Série, a entrevista de Regina Fazioli (Bibliotecária e Mestre em Tecnologia pela CEETEPS), uma trabalhadora sensível e humana, que idealizou um espaço absolutamente rico em informações, facilitando a vida de quem busca dados sobre o estado de São Paulo. Foi em 2011, durante o 1° BIBLIOCAMP, evento que aconteceu no Rio de Janeiro, que tive o privilégio de conhecê-la, bem como sua atuação a frente da Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Paulo, que corresponde uma importante ferramenta na busca por informações. Além do seu trabalho no campo da Biblioteconomia, não pude deixar de observar o amor que Regina, demonstra pelos animais. Com isso ganhou ainda mais o meu respeito e admiração. Deixo aqui registrada a bela citação contida em seu perfil no facebook : "Respeitar os animais é DEVER de todos, AMÁ-LOS é um privilégio de poucos...". A foto escolhida para ilustrar essa entrevista, diz tudo!
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1. Conte-nos onde nasceu, cresceu e como foi a sua relação com a leitura nos primeiros anos.
Nasci em São Caetano do Sul (SP) e com 3 anos fui morar na Zona Oeste de SP - Butantã - em um ato desbravador de meus pais pois, naquela época (1959), não existia nenhum morador no Bairro e era considerado um grande charco. Passei a infância entre livros que minha mãe (professora) lia e eu, mesmo sem saber ler, decorava-os todos. A minha paixão pela leitura chegou ao ponto de uma vez, aos 12 anos, ir a pé da minha casa até uma Biblioteca Infantil, caminhando cerca de 4 Km de ida (obviamente, na volta eu pegava uma condução).
2. Quando você teve acesso a uma biblioteca pela primeira vez?
Sempre frequentei bibliotecas, na verdade não me lembro da primeira vez que entrei em alguma, talvez tenha sido na escola aos 5/6 anos. Sempre tive muitos livros em casa.
3. O que lhe motivou a fazer Biblioteconomia?
Esse é um caso de paixão antiga! Como tenho essa paixão por livros e sempre fui muito curiosa, comentei com uma tia que, a filha tinha feito Biblioteconomia e ela me desvendou a profissão de Bibliotecário. Iara Cassiano Ricardo é nome de minha prima que fez, na FESP (atual FaBCI), o curso e me inspirou.
4. Que disciplina mais gostava quando era estudante?
Sempre detestei as matérias repetitivas como catalogação e classificação e sempre apostei em indexação. “Brincar” com a linguagem e a recuperação de qualquer material para o cliente sempre foi o meu forte. Também gostava das chamadas disciplinas “humanísticas” como filosofia, história da arte, psicologia, história do livro e imagine, (isso em 1976!) a Introdução a Informática (aprendi em cartões magnéticos!).
5. Que tipo de biblioteca tem mais afinidade (escolar, pública, universitária, especializada, etc)
Biblioteca pública, pois atende a todas as pessoas e a todos os pedidos de informação - o que eu faço agora da mesma forma na Biblioteca Vitual.
6. Conte-nos um pouco de sua trajetória profissional.
Meu primeiro emprego, foi no Colégio Equipe. Havia me formado (colegial) em nov./dez. 1974 e ao passar na Faculdade de Biblioteconomia, a secretaria da escola ficou sabendo e me contratou para “organizar” a biblioteca. Hilário, pois AINDA não frequentava as aulas que só começariam em março e já “tomava conta” de uma!
Passei por inúmeras instituições em meus 3 anos de vida acadêmica, quase sempre como única profissional da biblioteca, mesmo sem ter a formação completa, e apesar de muitas dificuldades, todos os problemas enfrentados só me aguçavam mais a busca de conhecimentos e experiências.
Estagiei em instituições públicas e privadas e ao me formar, fui trabalhar como contratada na PRODESP no início de 1978. Um fato interessante na minha contratação foi que o gerente da área ao olhar para minha carteira de trabalho e ver tantos carimbos (empregos/estágios) disse para a pessoa que seria minha coordenadora:
- como contratá-la se ela não permanece mais de 3 meses em cada instituição?
Mal sabia ele que estágio serve para isso mesmo: expandir nossas experiências!
Estive na Prodesp até 1987, quando saí e passei por vários free-lancers na área enquanto auxiliava na administração de uma empresa familiar. No final de 1995, resolvi voltar efetivamente para área e prestei concurso na USP, quando fui admitida na Biblioteca da FMVA / USP. Permaneci naquela instituição até agosto de 1997, quando fui chamada para participar do CRDI - Centro de Referência e Disseminação de Informações no Palácio do Governo, onde implantei a Biblioteca virtual e encontro-me até hoje.
7. Que conselho daria para uma pessoa que deseja seguir a carreira bibliotecária?
Como qualquer carreira: ame e entregue-se ao que faz com o coração e a alma! Por outro lado, o poder investigativo bem como uma cultura geral ajudam muito, pois não se imagina em qual área do conhecimento poderá trabalhar. Não se atenha apenas à parte técnica: ela também é necessária, mas muito mais do que isso, nossa profissão envolve pessoas, portanto ENCANTE seu cliente!
8. Em que momento você desmistificou o fazer bibliotecário, haja vista que a maioria das pessoas ingressa na universidade acreditando que o ambiente de trabalho está condicionado somente a livros e espaços de bibliotecas?
Sempre tive um “pé” na tecnologia. Desde pequena desmontava e montava eletrodomésticos em casa. Quando comecei a trabalhar na PRODESP (Cia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo) em 1979 e obviamente trabalhando com computadores, me encontrei! Mas nunca me contentei em seguir por caminhos já trilhados e procurei me aproximar da Tecnologia e do seu modo de funcionamento.
9. Você acha que uma pessoa que escolhe essa profissão tem que gostar de ler? Justifique sua resposta.
Gostar de ler deveria ser uma característica comum a todas as pessoas, não apenas ao profissional bibliotecário. Outras características talvez sejam mais importantes, como uma visão investigativa; a noção do coletivo visando a cidadania; a pró-atividade; gostar de lidar com pessoas e se preocupar com as suas necessidades informacionais, entre outras.
10. Qual a biblioteca mais fantástica que já visitou e a que sonha ainda conhecer?
Visitei: a minha quando, meus filhos eram pequenos. Nas duas últimas prateleiras das estantes eles podiam tirar os livros, ler e depois guardar. Não ficava muito bonito, mas dava para fechar as portas e estava muito bom! Atualmente, eles dão muito valor à informação e ao conhecimento.
Adoro visitar todos os dias: Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Paulo (é um ambiente fora de série com a melhor equipe que já conheci), extremamente preocupada com o bem-estar do cidadão! Ainda visitarei: os bastidores do Google!
11. Dentre os tantos livros que você já leu, cite um e recomende.
Dentre milhões de livros, uso esse como livro de cabeceira: Barry Stevens - Não apresse o Rio, ele corre sozinho. Trata de Gestalt-terapia, dos caminhos do Zen, Krishnamurti e índios americanos, o aprofundamento e expansão da experiência pessoal e o trabalho através da superação das dificuldades.
12. Qual sua opinião sobre o contexto atual da profissão?
Como a vida está sempre em movimento, todas as situações no meu entender, também carecem de movimentos, mudanças e isso não é diferente com a nossa profissão: TRANSFORMAÇÃO. Mas não a tão falada apenas de nome, mas a mudança intrínseca, de posição, de atitude perante as necessidades atuais de informação, de conhecimento, demonstrado pelas pessoas. Que enxerge as pessoas como a si mesma e atenda com toda a personalização exigida pela humanidade que nos é peculiar.
13. Como você vê a atuação da biblioteca pública de sua cidade?
Muita atividades e ações efetivas já foram realizadas, bem como reformas físicas, mas como disse na pergunta anterior e repito: a transformação deve ser uma constante para acompanhar as necessidades dos cidadãos todos os dias. No caso da Biblioteca Virtual, utilizamos diretamente os diversos acervos - tanto bibliotecas públicas, como especializadas ou universitária para EEB (Empréstimo Entre Bibliotecas) e sempre fomos muito bem atendidos por todas elas.
14. Há algum bibliotecário (a) que você considera fora de série?
Prefiro não citar nenhum, pois serei injusta se não citar todos que lutam e se esforçam para tirar champanhe de pedra! Mas os que admiro sobremaneira, sabem de quem falo!
15. Do que mais gosta na sua profissão?
Amo ser bibliotecária, se tivesse que recomeçar, faria como fiz - acertando algumas arestas - obviamente. Nessa profissão, me identifico com a interatividade, ação social, pró-atividade, liberdade de criar, de me relacionar com as pessoas.
16. Fique a vontade para fazer seus comentários finais.
Prefiro colocar uma frase, que por sinal é a que mais gosto do Paulo Freire:
"Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo." (Pedagogia do Oprimido. 9 ed., Rio de Janeiro. Editora Paz e Terra. 1981, p.79).
Querida Soraia,
ResponderExcluirAgradeço a reportagem e de quebra acaba por me ajudar na divulgação pr adoção da Beliza!
mmmmt tks...
Bjão!
Fico feliz que tenhas gostado da matéria Regina, gostaria muito de valorizar cada profissional que vejo fazer esforço pela nossa profissão.
ResponderExcluirQuanto a adoção da Beliza, ela é linda e parece muito dócil, com certeza haverão muitos pretendentes.
Grande beijo