MUSEU DA REVOLUÇÃO - HAVANA - CUBA


Em abril de 2012 tive a oportunidade de visitar Cuba, um dos países que sempre povoou minha imaginação e interesse. Dessa experiência puder conhecer algumas bibliotecas e museus, dos quais o Museu da Revolução, ao qual apresento aqui.


O Museu da Revolução está instalado em um edifício monumental que serviu de residência oficial para os presidentes cubanos, até o ano de 1957 quando Fulgêncio Batista, o último presidente foi deposto.


O conteúdo do Museu trata de forma substancial das lutas revolucionárias. Uma placa instalada do lado de fora aponta que é ali que está reunida toda a história.


O espaço começou a ser utilizado como museu em 1959, tendo sido planejado para apresentar não apenas dados da trajetória da revolução, mas também outros elementos da história política de Cuba. É o Museu mais visitado do país.


O edifício é enorme e belíssimo, aliás, esse é um elemento notório, vários aspectos de sua arquitetura, com destaque para a Sala dos Espelhos, a cúpula, as escadarias...


No tocante a história do edifício, conforme informações extraídas de Cuba Museums Guide:
Consiste em um trabalho dos arquitetos Maruri, de Cuba, e Jean Beleu, da Bélgica, que surgiu com um projeto eclético, que combina harmoniosamente elementos arquitectónicos espanhóis, franceses e alemães. Ele foi originalmente projetado para abrigar o Governo Provincial de Havana, mas foi terminado em 1920 para ser o Palácio Presidencial.
O edifício é um espaço para ser contemplado, aliás é válido destacar que em Havana Vieja, região aonde está localizado, há outros tantos edifícios surpreendentes, fator que levou a região a receber o título de patrimônio cultural da humanidade, um ambiente único!


A imagem acima reflete um fragmento da Sala dos espelhos que foi criada visando se assemelhar com o espaço que recebe o mesmo nome no Palácio de Versalhes, em Paris. Além desses elementos, o edifício guarda também marcas de tiros em suas paredes, de ações de violência ocorrida naquele ambiente.


Quanto ao acervo, é necessário observar o senso da importância de guarda que foi dado a cada objeto, uma carta, um cartaz, fotos, gravações de falas dos participantes nas lutas (essas eu não ouvi).


Há muito coisa para ler e na maioria das vezes a legenda é pequena e escrita em espanhol, língua oficial do país, há também informações em inglês, contudo não extensivo a todas as peças em exposição. 


O material exposto é formado em grande maioria por textos, cartazes, fotografias, armas, uniformes e peças que destacam o orgulho pela revolução, há entre os objetos, por exemplo uma boina usada por Che Guevara. 



Há também alguns dados sobre a participação feminina nas lutas revolucionárias. Alguns utensílios se destacam, contudo apesar do museu apresentar fotos e comentar a participação de Vilma Espín, em atividades de luta durante a tomada do poder em 1957, o papel da mulher não vai muito além disso.


Um dos cartazes que me chamou a atenção (ver imagem abaixo) trata sobre leitura no campo. Antes da revolução as desigualdades eram significativas no país e os índices muito altos de analfabetismo contribuíam para o agravamento dos problemas. O incentivo a educação foi elemento relevante da trajetória política. À leitura passou a ser levada a sério e existe um bom sistema de bibliotecas públicas no país, comentei sobre o assunto em outro texto. 


Quanto estamos fora do nosso próprio país qualquer elemento que nos remente sua lembrança ganha grande proporção e neste caso, ao ver a foto do querido Chico Buarque ao lado de Pablo Milanez (artista cubano, que adoro) me senti muito contente. Essa imagem junto com outras fotos descreve elementos da cultura em Cuba. 


O Museu da Revolução dispõe de uma pequena livraria. Um dado que observei no decorrer dos dias em que estive no país foi que o preço do livro era muito acessível, as encadernações não eram as mais bonitas, contudo comprei vários exemplares do livro El principito, de Saint-Exupéry a um excelente preço.


A mesma entrada que se paga para visitar o Museu, dá acesso ao Memorial Granna, local anexo aonde estão expostos aviões, barcos e veículos que foram utilizados durante as ações revolucionárias. A embarcação Granma serviu para que Fidel Castro e seus companheiros fizessem a travessia do México a Cuba. O barco foi instalado atrás de um grande vidro, uma espécia de aquário. As fotos não ficam muito nítidas por causa do vidro.


Uma das áreas mais concorridas do Museu consiste na representação das imagens em tamanho natural de Camilo Cienfuegos e Che Guevara com seus trajes militares no ambiente da floresta.


Quando muito jovem e sonhadora idolatrei a imagem de Che Guevara, usei camisetas e até boinas que lembravam o revolucionário. No dia em que visitei o lugar como boa turista posei com a imagem do comandante ao fundo.


O Museu é grande e possui muitos dados, contudo é cansativo, sem interação. A imagem do material exposto, fotos e recortes de jornais apresentam desgaste. Uma boa curadoria poderia transformar o lugar em uma experiência muito marcante. O embargo econômico porém dificulta tudo.

O Museu não apresentava muito sobre Fidel Castro e sua trajetória como dirigente do país depois da revolução. Todas as considerações aqui apresentadas tratam de uma visão observada em 2012, talvez o Museu esteja diferente no momento atual.


Fotos: Peter Janzon

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