BIBLIOTECA PÚBLICA DE IPOJUCA - PERNAMBUCO


Esta é a recém inaugurada Biblioteca Pública de Ipojuca (município distante cerca de 43 quilômetros de Recife, no estado de Pernambuco), conforme o leitor poderá perceber pelas imagens, o ambiente impressiona pelo cuidado com a  decoração, elemento pouco comum em bibliotecas públicas das cidades do interior do Brasil.


O município de Ipojuca é considerado o detentor do terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB) de Pernambuco e deve parte de sua posição econômica ao setor turístico e portuário. A área urbana da cidade não é tão bonita, mas as belezas naturais dos arredores encantam. O destaque do lugar é Porto de Galinhas, considerada uma das praias mais belas do Brasil.


Foi por meio do convite da Bibliotecária Márcia Rodrigues (Marcinha) que tive acesso à Biblioteca Pública de Ipojuca. Nos conhecemos durante a visita à Biblioteca Gilberto Freyre, do SESC aonde ela também atua. No decorrer de nossa conversa, Marcinha me perguntou se eu teria tempo e interesse em conhecer a Biblioteca de Ipojuca e eu, prontamente aceitei o convite sem esperar grandes novidades, mas tive uma boa surpresa.


O edifício aonde foi instalada a nova biblioteca não é próprio. Consiste em uma casa alugada, contudo, o projeto de reformulação do espaço foi pensado visando atender a todos os públicos. Vale a pena destacar a adoção de rampas de acesso, visando favorecer pessoas com dificuldades de locomoção.


Em termos de estrutura, a Biblioteca está muito bem equipada e percebe-se que foi despendido bons recursos para estruturar esse segmento cultural. Raramente tenho encontrado em minhas andanças pelo Brasil ações positivas voltadas para criar boas condições visuais aos ambientes de bibliotecas públicas. 


Dentre vários elementos relevantes observados, o mais marcante foi constatar que a Biblioteca é gerida por uma profissional capacitada e efetivamente comprometida com a proposta de pensar medidas para dinamizar a cultura. Nesse vídeo, Marcinha oferece uma visão de seu ambiente de trabalho e fala da importância da biblioteca para a cidade.


Como já havia conhecido outro espaço em que Marcinha atua, pude perceber lances de semelhanças no tocante a decoração e propostas de serviços, como por exemplo o uso de materiais reciclados e cores, muitas cores. Isso reforça o pensamento de que bibliotecas tem geralmente a cara de seus Bibliotecários (as).


A Instituição se chama oficialmente Biblioteca Pública Municipal Joaquim Nabuco e foi reinaugurada em abril de 2016, entre outras coisas com a proposta de atender a população da cidade formada por aproximadamente 88 mil habitantes.


O espaço físico da habitação foi distribuído de forma a atender públicos diferenciados. Há salas para estudos em grupos e alguns cantinhos para uso individual.


Foi uma alegria encontrar um ambiente pensado, seguindo alguns dos parâmetros do que recomenda o Manifesto da UNESCO para Bibliotecas públicas, ou seja ambiente agradável, confortável e capaz de cativar usuários pouco acostumados a dispor de um espaço que possibilite bons momentos no tocante a leitura.


A seleção de cores para as paredes, bem como a escolha dos mobiliários foram realizadas em parcerias atentando  para as visões bibliotecárias e de arquitetos. As paredes brancas, laranjadas, amarelas e azuis em diferentes salas, harmonizam e criam quentura e vitalidade aos ambientes.

Ahhh. ia me esquecendo! A Biblioteca é toda climatizada!

E havia algo de negativo? Sim, senti falta de computadores e sinal de Wi Fi.


Gostei muito das frases motivacionais estampadas em várias paredes,  que além de proporcionar um toque de beleza, refletem energias positivas sobre o quanto o livro e a leitura tendem a favorecer nossas vidas.


Passei algumas horas na Biblioteca, aliás ajudando a etiquetar livros infantis. Porém, pude constatar no geral, que o acervo de livros é muito bom e está formado por aproximadamente sete mil títulos, atendendo diferentes faixas etárias e áreas do conhecimento. 



As obras de Literatura nacional e estrangeira provavelmente deverão instigar o desejo de muitos cidadãos a fazerem inscrição e assim levar emprestados os livros para casa. São livros que encontramos nas boas livrarias e ficamos sonhando poder  tê-los ou lê-los. Na Biblioteca de Ipojuca , lê-los é muito possível. 


O espaço dedicado ao público infantil é destaque e por isso mesmo deve ser bem referendado. Creio que as crianças que tiverem acesso ao ambiente ficarão encantadas e nesse sentido, mobiliários, iluminação, acervos e cores contribuem para o sucesso dos primeiros contatos dos pequenos com o ambiente de biblioteca. 


Há um cantinho todo especial para realização da hora do conto. Um pequeno espaço almofadado e colorido. Espero que várias escolas de Ipojuca levem suas crianças semanalmente para usufruir do lugar.



Ao longo dos seis anos das atividades desse blog, tenho observado muitas bibliotecas e outras unidades de informação (a grande maioria bibliotecas públicas), contudo em se tratando do Brasil, poucas são as gestões públicas que efetivamente cumprem seu papel no campo dos serviços de acesso à informação e cultura por meio das bibliotecas públicas.


A imagem acima mostra a área dos fundos da Biblioteca. Ali estão disponíveis espaços para atividades em grupos. Bom para organizar um lanche, uma contação de história ao ar livre, um sarau com jovens em finais de tarde e muito mais. Há banheiros na área interna e externa e note a existência de depósitos para lixo visando coleta seletiva por cores.


No dia em que visitei a Biblioteca Pública de Ipojuca, era sábado (não haviam usuários), a Biblioteca estava aberta apenas para a realização de trabalho interno. Fui para ajudar (junto com outros colegas) a etiquetar livros do acervo. Aproveitei para doar um exemplar do meu livro Leo e seus amigos, os livrinhos para compor o acervo da Biblioteca!

Foi uma surpresa conhecer uma biblioteca pensada de forma a atentar para questões envolvendo acessibilidade, acervo, mobiliário e serviços. Tudo isso me levou a acreditar que bibliotecas públicas (planejadas) em pequenas cidades brasileiras são possíveis.

Gostei tanto do trabalho da colega Marcinha, que a convidei para participar da seção Bibliotecárias Fora de Série. Confira sua entrevista que nos proporciona conhecer muito mais do seu modo de ver a Biblioteconomia e a vida! 

O horário de funcionamento da Biblioteca Pública de Ipojuca é de segunda a sexta-feira, das 08h às 20h. Aos Sábados e domingos de 10h às 16h.

Parabéns a administração pública também por estabelecer esses horários!

Fotos: Soraia Magalhães

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