CRUZEIROS E BIBLIOTECAS: COSTA CRUISE LINE


Entre os meses de novembro e dezembro de 2016, realizei uma viagem de cruzeiro, que teve início em Savona, na Itália, com destino final em Buenos Aires. A experiência foi interessante, mas não tanto quanto havíamos sonhado, tendo em vista uma série de aborrecimentos motivados por desorganização, política exagerada de vendas internas e baixa qualidade nos serviços da Companhia Costa Cruises.


Não me alongarei sobre problemas observados, apesar de envolverem aspectos como má qualidade da alimentação e cobranças absurdas...de água, por exemplo...mas tão somente apontar dados sobre sua biblioteca, num comparativo com outra experiência vivida em outra companhia...


As imagens aqui contidas correspondem ao espaço da Biblioteca Imagine, do navio Costa Pacífica. O ambiente possui decoração exagerada, é muito pequeno, sem capacidade de atender mais de 30 pessoas de uma única vez. O navio, no período em que realizamos a viagem possuía um montante de 2.700 passageiros.

Confesso que aliamos o nome Imagine a ideia de "imaginar" efetivamente que o lugar era uma biblioteca...


A experiência com a "biblioteca" do navio Costa Pacífica foi ruim e, uma das coisas mais chocantes foi ver que as estantes permaneciam fechadas à chave e somente por quatro horas (horas distribuídas entre os horários de manhã e tarde), estavam abertas e passíveis de acesso direto.

Elenco aqui outros pontos negativos observados: 

  • Nos primeiros dias de viagem, o espaço da biblioteca foi compartilhado com serviço de ajuda ao acesso à internet. Filas e filas foram criadas gerando turbilhão de pessoas que se acotovelavam para serem atendidas por um funcionário que não podia prestar informações sobre Internet e ao mesmo tempo sobre livros e o sistema de empréstimos (tudo ocorrendo de forma absolutamente precária). 
  • Também sobre os primeiros dias, observei que muitos pegaram até 5 livros, o acervo era pequeno e tal procedimento deixou muitos sem oportunidade de emprestar algum título para ler durante a viagem. 
  • A tripulação que cuidava do material não tinha a menor relação com livros, apesar de nos primeiros dias estar por ali um jovem (Alexandre) que se intitulava bibliotecário, perguntei se ele havia cursado Biblioteconomia...não... contudo Alexandre sabia um pouco mais do que os outros sobre o sistema de empréstimo (nada informatizado), tudo escrito a mão. 
  • No decorrer dos dias (o cruzeiro teve duração de 20 dias), o atendimento nos horários previstos foi realizado por pessoas da equipe de dança e, ao que parece, em forma de escala, cada dia uma pessoa diferente cumpria horário, fator que fazia com que tivessem bem pouco entendimento sobre o que fazer. Era uma dificuldade emprestar e entregar um livro. 
  • Quando se pegava um livro, na ficha de empréstimo havia uma nota que dizia que no caso de não constar o livro nos controles (deles) como devolvido, seria cobrado o valor de 15 euro por cada título desaparecido, o que era um risco, por que os jovens eram pouco atentos com as entradas e saídas dos livros. 
  • Não havia ao menos um pequeno recibo que assegurasse ao usuário sobre a entrega do livro emprestado. 
  • De acordo com informações de Alexandre, a biblioteca dispõe de títulos formados apenas por doações. O acervo de livros em Espanhol era mínimo e haviam muitas pessoas que falavam essa língua e que saíam da biblioteca descontentes. 
Claro que por várias vezes, aproveitei para saber opiniões sobre a biblioteca. Eu, também expressei a minha e apesar de tudo, tive a sorte de emprestar Dona Flor e seus dois maridos, de Jorge Amado; bem como A biografia íntima de Leopoldina, de Marsilio Cassotti. Os livros em língua portuguesa eram bem mais variados que os de língua espanhola.


O objetivo dessas linhas é realizar uma crítica construtiva, creio que se faz necessário destacar a importância dos espaços de bibliotecas em ambientes de cruzeiros, tendo em vista que reúnem grande quantidade de pessoas, que necessitam de atividades para vivenciar o ócio de forma construtiva e prazerosa. 

De modo geral, com base em minhas experiências não recomendaria uma viagem com a Companhia Costa Cruise, fiquei decepcionada, apesar de que viagens dessa natureza chegam como oportunidades de visitar em cada porto uma nova biblioteca.

Tenho muito o que contar sobre as passagens por bibliotecas em: Barcelona, Santa Cruz Tenerife, Casablanca, Recife, Salvador, Maceió, Rio de Janeiro, Santos, Punta del Este e Buenos Aires. 

Também contarei no próximo post sobre uma boa experiência com cruzeiros realizada em 2014 com a Companhia Holland America Line. Sua biblioteca era bela e muito bem equipada...

Fotos: Peter Janzon

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