O Santuário do Caraça é um dos lugares mais impressionantes que conheci em Minas Gerais, o local faz parte do município de Santa Bárbara e tem proximidade com as cidades de Catas Altas e Barão de Cocais.
O marco de sua história tem relação com a construção de uma pequena capela de madeira no ano de 1774 e, conforme a
página oficial do Santuário:
A construção inicial do Irmão Lourenço de Nossa Senhora não foi a igreja neogótica que hoje pode ser visitada e contemplada no Santuário do Caraça. Construída no final do século XVIII, sua igreja era, na verdade, uma Ermida, uma pequena capela barroca para uso dos ermitães e dos peregrinos que já subiam a Serra do Caraça em seu tempo.
Sobre sua trajetória, consta que por volta de 1820 os religiosos deram início a criação de um colégio que funcionava como internato até 1968, quando ocorreu um grande incêndio.
A atmosfera do lugar nos instiga a visitar mentalmente a chegada dos primeiros viajantes, dos padres evangelizadores ou dos meninos que eram deixados ali por suas famílias para serem educados.
Além dos aspectos arquitetônicos e naturais que envolvem o Complexo do Santuário do Caraça, inserido em ambiente de espiritualidade, a área territorial é morada do Lobo Guará e possui lindas vistas com trilhas, cachoeiras, mas também ambientes culturais como um pequeno museu, pinacoteca e uma biblioteca.
No dia em que realizamos a visita, à Biblioteca passava por reformas e o ambiente estava um pouco desordenado, mas foram gentis em permitir observar e fotografar. Uma foto chamou minha a atenção por mostrar como era a biblioteca do Caraça, antes do incêndio que destruiu quase todo o acervo em 1968.
O espaço, formado em grande parte por obras de cunho religioso, foi uma das maiores bibliotecas de seu tempo, possuindo no século XIX cerca de 50.000 volumes. Consta no site do
Santuário que:Quando houve o incêndio em 1968, a maioria dos livros se queimou. O que se sabe ao certo é que quase 15.000 livros foram salvos pelos alunos e pelos Padres que enfrentaram o fogo para salvar o rico acervo. Hoje, contando com mais de 30.000 volumes, a Biblioteca do Caraça guarda dentre suas preciosidades 2.500 obras raras.
Desde que li o livro de Matthew Battles "A Conturbada História das Bibliotecas", sigo levada a reconhecer as fragilidades que envolvem bibliotecas e acervos quando reunidas em um só ambiente.
A Biblioteca do Caraça nos dias atuais ocupa a parte superior do edifício onde funcionou outrora o Colégio. Na área térrea, do mesmo edifício, há um museu que apresenta curiosidades, das quais materiais que foram utilizados no cotidiano, mas também elementos interessantes como as camas e as colchas de Dom Pedro II e sua esposa Dona Teresa Cristina, quando visitaram o local em 1881.
Na área externa do edifício foram preservadas as condições que fazem lembrar o Colégio e o fatídico incêndio.
No início de março de 2020, poucos dias antes de ser decretada a quarentena provocada pelo Corona Vírus, visitamos à Biblioteca do Caraça e soubemos que o espaço já não contava com a atuação da Bibliotecária Vera Garcia, eu a havia conhecido em outra oportunidade.
A Biblioteca, que reúne mais de 30.000 volumes e guarda obras raras necessita de profissional especializado para desenvolver seus projetos. Em março de 2020, o ambiente estava sob os cuidados de Kely Maria da Silva, auxiliar de Biblioteca que afirmou conhecer bem acervo e serviços, além de estar cursando Biblioteconomia. Menos mal.
Em meio as estantes cheias de livros antigos, encontramos modelos de caixas metálicas para a realização de serviços de extensão do projeto "Biblioteca do Caraça nas Escolas". Soube que as atividades ocorriam por meio de parceria com a Companhia Vale, mas já não estava mais em atividade.
Em uma das caixas, gostei de encontrar e fotografar as imagens dessa criação chamada "Súplica do Livro", material que vi por primeira vez na Biblioteca Estadual do Amazonas, muitos anos atrás.
A súplica do livro visa instigar reflexões sobre os cuidados com o objeto livro. Achei muito interessante, pois trata justamente do tema de meu terceiro livro infantil "Ai! Sou apenas um livrinho", publicado pela Tuya Editora.
Como apontei, a Biblioteca estava passando por ajustes e algumas coisas estavam fora da ordem, mas foi bacana poder me inserir entre os corredores das estantes deslizantes, conversar com Kely Maria e perceber seu entusiasmo pelo trabalho, além de poder tomar emprestado livros para ler durante o período de hospedagem.
Um dado super interessante dessa biblioteca é que nos dias atuais ela possui obras que vão além do aspecto religioso, há muito sobre a natureza, história de Minas Gerais e tantas outras áreas do conhecimento, mas gostei especialmente do Cantinho da Criança, espaço que dispõe de livros de literatura infantil e brinquedos educativos, uma graça.
O Santuário do Caraça é considerado uma das 7 maravilhas da Estrada Real e posso dizer que foi um dos mais prazerosos lugares que conheci nas terras mineiras, por isso recomendo: seja para relaxar, buscar comunhão espiritual, fotografar, se aventurar pelas trilhas, comer a deliciosa comida servida no antigo refeitório, ver o Lobo Guará, sentir a atmosfera de isolamento e desfrutar do silêncio para uma boa leitura.
Aliado a tudo isso, às visitas ao Museu e a Biblioteca estão bem acessíveis.
Mais informações sobre o Santuário do Caraça,
veja aquiPara realização de pesquisas ao acervo da Biblioteca, é necessário o agendamento pelo e-mail: biblioteca@santuariodocaraca.com.br.
Fotos: Peter Janzon
Muito interessante!! Obrigada por compartilhar essa experiência!!
ResponderExcluirÉ um lugar que instiga o desejo de voltar mais vezes, grata pelo comentário Hellen.
ResponderExcluirMuy lindo lugar Caraca!! y alrededores que te invitan a caminar y conocer !!Muy buena comida en salas de comida a la antigua !!
ResponderExcluirQuerido Peter, grata por seu comentário. Sabendo que és viajante e conhecedor de tantos lugares é muito bom saber que gostou do que viu e viveu no Caraça.
ResponderExcluirMuito bacana o seu blog!!
ResponderExcluirGrata Erica, volte sempre!!!
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